Do Caos ao Despertar (Parte 2)

boa noite! Aqui estou eu novamente... Continuando a postagem anterior, o relacionamento, que já não era bom, ficou pior, sofri todo tipo de violência, psicológica e física. Fui agredida diversas vezes, física e emocionalmente. Perdi o emprego que era temporário, poucas pessoas iriam ser efetivadas e eu, apesar de a contragosto da minha coordenadora, não fiquei. A gerente argumentou que, apesar do meu desempenho, precisava dar chance as meninas da cidade e eu, era de fora e casada com um militar, poderia me mudar a qualquer momento. Mas sei que foi para além disso, eu precisei ser operada, me ausentei do trabalho e vivia chorando pelos cantos, devido as agressões do meu ex. Entretanto, confesso que senti alívio. Não pela perda do emprego, que eu gostava, mas porque eu havia dito a mim mesma que se eu não fosse efetivada, acabaria aquele sofrimento e voltaria para minha cidade. E assim o fiz. Infelizmente, o sofrimento veio junto. Ele abandonou a carreira militar e veio atrás de mim, acabei caindo na cilada de reatar e, ao perceber que nada seria diferente, terminei de vez e ainda sob a ameaça de que se eu não reatasse, ele me mataria. Mas como ele morava em outra cidade, no interior, e eu em prédio, apesar de saber que deveria desde o começo ter denunciado a polícia, apenas deixei avisado na portaria que ele estava proibido de se aproximar e rejeitei qualquer aproximação com ele. A depressão voltou com tudo, tentei suicídio mais uma vez. Voltei a terapia, aos remédios. Comecei a ter alucinações. Decidi abandonar tudo aquilo, comecei a frequentar o centro espírita e a me tratar espiritualmente e surtiu mais efeito do que os remédios. Enfim, eu queria apenas me livrar daquilo e viver minha vida, afinal, era formada em Turismo, tinha emprego e larguei tudo para viver com ele em outra cidade. Eu só queria recomeçar. E recomecei mesmo, alguns anos depois, inclusive, abandonei minha profissão de vez e comecei o curso que no fundo eu sempre quis: Direito. Antes disto, fui em busca de uma ginecologista em Recife para ler meu laudo da cirurgia e me cuidar, em relação a endometriose. Eis que quando digo que quero ter filhos a médica me olha com espanto e pergunta se a médica de Salvador não havia conversado comigo sobre aquele laudo, ao que eu disse que não, pois não tinha voltado a ela. E então ela me explicou: o exame chamado Cromotubagem, para verificar se as trompas estavam desobstruídas, deu negativo e isso queria dizer que elas estavam obstruídas, não havia como eu engravidar. Precisaria fazer uma Histerossalpingografia. Caso neste exame a trompa desobstruísse, ótimo, vida que segue, caso não, eu era infértil. Saí acabada, destruída, revoltada com a vida, com Deus, com tudo e todos! Logo eu, que sempre desejei ser mãe!! Não fiz o tal exame, havia me separado, não queria saber disso. Deixei pra lá, não fiz acompanhamento, pois ela não era especialista no assunto e me pediu para procurar algum médico que de fato pudesse me ajudar. Somente em 2014 conheci Dr. Gilvan Santos, cirurgião ginecologista, especialista em endometriose. Fui a ele, já havia passado por alguns médicos, uns péssimos, por sinal, já havia tomado allurene, o que só me fez ficar pior. A dor só aumentava, vivia na emergência e a ouvir que “eu estava aumentando a dor”, que “era exagero meu”, “menstruação não é desse jeito”, etc. de pessoas próximas, bem próximas. Eu vivia chorando, uma vez acordei com tanta dor que vomitei, passei o dia na emergência e nada fazia parar aquela dor. Mas fui atendida por uma médica excelente, Dra Edwirgens, que me deu uma guia para fazer uma ressonância e levar para Dr Gilvan, pois, para ela, só ele poderia resolver, com cirurgia. E foi o que aconteceu, em 2015 estava eu operando novamente, por conta da endometriose. Uma cirurgia que normalmente dura menos de 1h, se seguiu por 3h. Segundo ele, deu trabalho. Nem tanto pelos focos, mas pela quantidade de cistos nos ovários, cistos no útero, aderências nas trompas, no útero e quase chegando no reto e um ovário todo destruído por uma cirurgia mal realizada (lembram da apendicite?) que precisou passar por uma ooforosplastia para, com as palavras do médico, ficar bonitinho, apenas. Havia perdido a função do ovário direito e minhas trompas continuavam obstruídas, a direita mais que a esquerda. A conclusão em relação ao meu ovário direito foi que eu não devia ter apendicite coisa nenhuma, mas não souberam identificar, alegaram isso para eu aceitar a cirurgia, fizeram-na aberta para explorar e achar o que estava me causando dor e o líquido livre na bexiga, acharam o cisto – provavelmente hemorrágico, de acordo com Dr Gilvan e Dra Edwirgens – e mexeram, para removê-lo, e destruíram meu ovário direito. Demorei para descobrir, não sabia nem o nome do médico mais e, pelo tempo, nada mais poderia reclamar. Essa foi a motivação para eu decidir, desde o início do curso de Direito a me especializar em Direito à Saúde, inclusive, o tema foi objeto do meu trabalho de conclusão de curso, que inicialmente seria especificamente acerca do tratamento da endometriose na saúde pública, mas devido a fatores externos, tive que mudar e fazer algo mais genérico e meu TCC teve como tema “O DIREITO À SAÚDE PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E OS MEIOS PROCESSUAIS PARA A SUA EFETIVIDADE SOB A ÓTICA CONSTITUCIONAL”.

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